Córrego do Mato e Rio Jundiaí
VAI FALTAR ÁGUA E SOBRAR CIMENTO
Há poucos dias atrás o Jornal de Jundiaí afirmou que a FUMAS tem um projeto para recuperar o Córrego do Mato.
Não é bem assim.
A FUMAS reagiu às manifestações de ambientalistas e posteriormente à posição desfavorável do COMDEMA. E não teve outra saída senão procurar uma instituição que pudesse apresentar um diagnóstico sério sobre o assunto.
E então, depois de relutar, aceitou mudar os planos e agora aparece como defensora do cascudo que mora no córrego.
Mas há uma questão extremamente preocupante, para a qual a FUMAS não tem plano nem projeto: a proteção das nascentes do Córrego do Mato.
Sim, porque qualquer ação que visa proteger a biota, garantindo condições de vida para as pererecas e as garças, precisa pensar nas nascentes.
Mas onde elas estão?
Seguramente que o córrego não nasce daqueles canos perto da Vigorelli.
As nascentes, várias, as cabeceiras do riacho, estão nos morros do Bonfiglioli e Jardim Paulista e na parte mais alta da própria avenida, escondidas sob os canteiros e asfalto. A enorme e desenfreada ocupação compromete definitivamente a drenagem e a reposição aqüífera na região. Toda a área está tomada por edifícios. Uma das últimas áreas livres, a Vigorelli, deve dar lugar a um shopping.
A FUMAS não tem planos para isso.
Nem planos nem competência, como aliás, para todos os demais projetos que envolvem os córregos e rios da cidade.
Sem as nascentes, o córrego morre.
Claro que, ao longo da avenida, ele recebe outras contribuições. Mas todas as áreas de reposição serão rapidamente ocupadas.
É preciso ter planos para isso.
Do contrário, em pouco tempo, teremos uma bela avenida, com o canal aberto e bem cuidado.
Só vai faltar a água!
Isso nos remete a outra situação: a do rio Jundiaí.
Esta semana a imprensa divulgou os planos da SABESP para o esgoto de Várzea Paulista e Campo Limpo.
Ótimo. Só que os planos da FUMAS para o rio são outros: cimentar seu leito e suas margens.
O resultado é que em alguns anos teremos um rio despoluído mas sem vida, correndo numa calha de concreto.
Vai faltar água no Córrego do Mato e sobrar cimento no Rio Jundiaí.
A FUMAS esqueceu de incluir estes detalhes nos seus planos!
Paulo Roberto Franchi Dutra
Coordenador do Fórum Permanente Caxambu